quinta-feira, 28 de março de 2013

como quem (1993)

Chega de manhã
com um gosto pontual
e entardece por cá.
Coça-me algures
os limites da razão
e eu sorrio.
E as folhas de outono
baloiçam mas não caem.

É daquelas
que o tempo descobriu
e valha-me deus se não enlouqueço
no sonho etéreo de um gesto seu
quando pede a carícia
que não tenho.

Depois, como quem não quer,
insinua-se como quem talvez
e afasta-se como quem decerto;
não fica à noite, eu bem sei,
mas adormece-me sempre,
memória conformada,
tristeza anestesiada
a um canto da vida.

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