sábado, 30 de março de 2013

dona do mundo * (1978)

Quando na rua ela passa
com seus olhares gelados,
a todos deixa pasmados
e a todos embaraça.
Ela é tão má, é tão crua,
que o sol tremendo de frio
a seu olhar já se viu
titirando atrás da lua.


* Pois é, com 11 anos eu já inventava deusas. Houve outras, não muitas, mas esta foi a primeira: a minha professora de português do 1º ano do ciclo preparatório. Escrevi uns poucos poemas antes deste mas seriam ainda piores e perderam-se. Sei que o quarto verso só com esforço é redondilha maior; e que "frio", pelo menos do modo não-lisboeta como eu o digo, não rima muito bem com "viu"; mas na segunda quadra já se nota um gosto que ainda guardo: quando me dá por rimar gosto que a rima seja rica. Se juntarmos a isso a minha preferência por rimas toantes e a incapacidade de rimar vogais abertas com vogais fechadas (por exemplo, para mim, "estrela" não rima com "bela"), já aqui está toda a técnica que tenho.

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