se alguém pudesse dar-se conta do nó de corda em que sou
passando ao largo das voltas e revoltas que o reforçam
talvez não visse mais que um sinal discreto em lomba pouco frequentada
talvez reparasse num ponto insistente em topo de vale florido
talvez a seus olhos eu jazesse abandonado a meio de uma encosta diferente
ou talvez se lhe oferecesse tudo isto que não sei onde estou posto
no que fui e muito menos no que me sobra ser
apenas sei que estou
e que onde estou hei-de começar um dia a desatar
nesse dia serei tudo
tudo e o interior desfeito de um nó antigo
por onde facilmente deslize
um pedaço desta corda que hoje me atravessa
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