quinta-feira, 7 de março de 2013

isto (2007)

isto de que falo não apresenta extremos

a bem dizer é tão de infinito
que não há como ser honesto e pôr
no vê-lo a vir o final de onde vem
no vê-lo a ir o início de para onde vai

parece um ponto      essa incrível abstracção
dos matemáticos
e no final de todas as contas é
      nem mais nem menos
todo um ponto ao contrário
para mim que o tenho por dentro e apenas o sei
de ele me ter por dentro

disto de que falo se dirá com pouco
ou nenhum rigor
que sob o silêncio das madrugadas polares passou rasteiro
como quem atravessa terra com o menor dos estragos

     para quem a tem por própria

e no entanto
é mais água em fervura
que da fuga se impede
até ao limite da espera até
à mais difícil cozedura

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